Quincas Borba, de Machado de Assis
Resumo da obra Quincas Borba, de Machado de Assis
"Quincas Borba" é um dos grandes romances de Machado de Assis, publicado originalmente em folhetim em 1886 e em livro em 1891. A obra é um marco do Realismo brasileiro e aprofunda a análise psicológica dos personagens, explorando temas como loucura, egoísmo, ambição e a fragilidade da condição humana.
O romance é narrado por um narrador onisciente, que adota um tom irônico e distanciado, característico da segunda fase de Machado. Ele acompanha a trajetória de Rubião, um provinciano ingênuo que herda a fortuna de Quincas Borba, um filósofo excêntrico e criador da doutrina do "Humanitismo".
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Primeira parte: Quincas Borba e o Humanitismo
O personagem-título, Quincas Borba, é um filósofo que vive em Barbacena e defende uma visão peculiar da vida: o Humanitismo. Essa filosofia, apresentada com tons de paródia, afirma que a luta pela sobrevivência é o principal motor das relações humanas, sendo resumida na máxima "Ao vencedor, as batatas". Segundo Quincas Borba, a busca pela satisfação pessoal é inevitável e justificada, mesmo que às custas dos outros.
Antes de morrer, Quincas Borba faz de Rubião, um modesto professor, seu herdeiro universal, com a condição de que cuide de seu cachorro, também chamado Quincas Borba.
Segunda parte: Rubião herda a fortuna
Após a morte de Quincas Borba, Rubião muda-se para o Rio de Janeiro para aproveitar sua nova condição de homem rico. Ingênuo e provinciano, ele sonha com uma vida de luxo e prestígio, mas sua simplicidade e falta de malícia o tornam presa fácil para os interesses alheios.
Na capital, Rubião conhece Cristiano Palha e sua esposa, Sofia. Palha é um comerciante ambicioso que rapidamente percebe a ingenuidade de Rubião e decide explorá-lo financeiramente. Sofia, por sua vez, é uma mulher bela e sedutora que desperta em Rubião uma paixão platônica e obsessiva.
Cristiano Palha e Sofia: o triângulo de interesses
Cristiano Palha torna-se o administrador das finanças de Rubião e passa a usufruir da fortuna do amigo para enriquecer a si mesmo. Ele usa de estratégias dissimuladas para ganhar a confiança de Rubião, ao mesmo tempo que manipula sua percepção sobre Sofia.
Rubião, por sua vez, alimenta esperanças de conquistar Sofia, que, embora não retribua diretamente seus sentimentos, joga com seu afeto para manter sua influência sobre ele. O relacionamento entre os três é marcado por jogos de poder, traições veladas e manipulação emocional.
A ascensão e queda de Rubião
Com o passar do tempo, Rubião começa a perder o controle de sua fortuna devido à má administração de Palha e à sua própria incapacidade de gerenciar os negócios. Sua ingenuidade o leva a fazer investimentos desastrosos e a ser explorado por diversas pessoas que se aproximam dele apenas por interesse.
Paralelamente, Rubião começa a apresentar sinais de desequilíbrio mental. Ele passa a se comportar de maneira estranha, com episódios de delírio e paranoia. A obsessão por Sofia e o isolamento social contribuem para o agravamento de sua condição psicológica.
A ruína de Rubião
Ao longo da narrativa, Rubião perde tudo: sua fortuna, sua saúde mental e suas relações sociais. Ele é abandonado por todos, incluindo Cristiano Palha e Sofia, que já não veem mais utilidade em manter a proximidade com ele.
Rubião, agora completamente insano, retorna a Barbacena, acompanhado apenas do cachorro Quincas Borba. Ele passa a viver em condições precárias, sustentado por restos de sua antiga fortuna. No final, morre em completa solidão, em um estado de delírio, murmurando fragmentos da filosofia de seu antigo mentor.
Os personagens centrais e seus simbolismos
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Rubião: Representa o homem comum, que, ao ascender socialmente, é esmagado por sua ingenuidade e falta de habilidade para lidar com as complexidades das relações humanas e sociais. Sua trajetória reflete a fragilidade do indivíduo diante da ambição e da exploração alheia.
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Quincas Borba (o filósofo e o cachorro): Simboliza a continuidade do Humanitismo, mesmo após a morte do filósofo. O cachorro, que acompanha Rubião até o fim, é uma metáfora da persistência das ideias, mesmo que estas sejam absurdas ou inviáveis na prática.
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Cristiano Palha: Encarna o oportunismo e a ambição desenfreada. Ele é um manipulador astuto que se aproveita da fraqueza dos outros para alcançar seus objetivos.
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Sofia: Representa a sedução e o poder de manipulação. Sua relação com Rubião é ambígua, oscilando entre a indiferença e o cálculo estratégico.
Temas centrais
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Ambição e exploração: A narrativa mostra como a ambição pode levar as pessoas a explorarem umas às outras, muitas vezes de maneira imoral. Rubião é explorado por quase todos que o cercam, mostrando o egoísmo inerente às relações humanas.
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Loucura e fragilidade mental: A progressiva deterioração da sanidade de Rubião é um reflexo de sua incapacidade de lidar com as pressões sociais e emocionais. Machado explora a linha tênue entre razão e loucura, sugerindo que a sociedade também é, de certa forma, insana.
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Humanitismo e ironia filosófica: A filosofia de Quincas Borba é uma paródia das teorias evolucionistas e positivistas da época, como as ideias de Darwin e Comte. Machado usa o Humanitismo para criticar o egoísmo e o materialismo, mas também para questionar a validade das filosofias utópicas.
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A condição humana: O romance reflete sobre a fragilidade da condição humana, destacando como os indivíduos são moldados por suas circunstâncias e como as relações de poder influenciam suas escolhas e destinos.
"Quincas Borba" é uma obra que combina crítica social, análise psicológica e humor irônico para explorar a complexidade das relações humanas e os dilemas da existência. Seu protagonista, Rubião, torna-se um exemplo trágico das consequências da ingenuidade e da exploração, enquanto a filosofia de Quincas Borba permanece como um lembrete das contradições e absurdos da vida.
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