Prolegômenos para Toda Metafísica Futura que se Apresente como Ciência, de Immanuel Kant

Resumo da obra Prolegômenos para Toda Metafísica Futura que se Apresente como Ciência, de Immanuel Kant

"Prolegômenos para Toda Metafísica Futura que se Apresente como Ciência", de Immanuel Kant, foi publicada em 1783 como uma introdução e explicação mais acessível às ideias apresentadas em sua obra monumental, a Crítica da Razão Pura (1781). O objetivo principal de Kant é fornecer uma visão geral de sua filosofia transcendental e abordar questões fundamentais sobre o conhecimento humano, especialmente no que diz respeito à metafísica como uma ciência.

Prolegômenos

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Abaixo um resumo da obra, organizado em seções principais.


1. Contexto e Propósito

Kant inicia os Prolegômenos explicando que a metafísica, enquanto disciplina, estava em crise. Apesar de sua longa história, ela não havia alcançado o mesmo sucesso que a matemática e as ciências naturais. Kant acredita que a solução para essa crise reside em uma abordagem crítica, que investigue as condições de possibilidade do conhecimento metafísico.

Os Prolegômenos têm dois propósitos:

  1. Tornar acessíveis as ideias centrais da Crítica da Razão Pura.

  2. Servir como uma introdução para aqueles interessados em compreender como a metafísica pode se tornar uma ciência.


2. A Questão Central da Filosofia

A questão principal que Kant aborda é: Como o conhecimento sintético a priori é possível?
Essa pergunta está no centro de sua filosofia transcendental e da tentativa de estabelecer a metafísica como ciência. Kant divide o conhecimento em duas categorias principais:

  • Conhecimento a priori: Independente da experiência (ex.: matemática).

  • Conhecimento a posteriori: Baseado na experiência (ex.: observações empíricas).

Além disso, ele distingue entre:

  • Juízos analíticos: Aqueles que são verdadeiros por definição (ex.: "Todos os corpos têm extensão").

  • Juízos sintéticos: Aqueles que ampliam nosso conhecimento ao conectar conceitos de maneira não trivial (ex.: "O calor dilata os metais").

A metafísica, segundo Kant, deve se basear em juízos sintéticos a priori, pois busca conhecimento universal e necessário que não pode ser derivado apenas da experiência.


3. O Problema da Metafísica Tradicional

Kant critica a metafísica tradicional por tentar aplicar conceitos racionais puros além dos limites da experiência sensível, resultando em especulações sem fundamento. Ele argumenta que os filósofos anteriores falharam em investigar criticamente as condições que tornam possível o conhecimento metafísico. Como consequência, a metafísica caiu em disputas intermináveis e falta de progresso.


4. Revolução Copernicana em Filosofia

Kant propõe uma abordagem radicalmente nova, comparável à Revolução Copernicana na astronomia. Ele sugere que, em vez de tentar conhecer os objetos como são em si mesmos (noumena), devemos investigar como nossa mente contribui para a formação da experiência dos objetos (fenômenos).

Essa ideia fundamental é o núcleo do idealismo transcendental de Kant:

  • Os objetos da experiência sensível são moldados pelas formas de nossa sensibilidade (espaço e tempo) e pelas categorias do entendimento (conceitos como causalidade e substância).

  • O mundo que percebemos é uma construção da interação entre os dados sensoriais e as estruturas cognitivas humanas.


5. O Conhecimento Sintético a Priori nas Ciências

Kant analisa como o conhecimento sintético a priori opera em diferentes disciplinas:

  1. Matemática: Baseada nas formas puras da sensibilidade (espaço e tempo). Por exemplo, a geometria é possível porque o espaço é uma estrutura da mente humana.

  2. Ciências Naturais: Fundamentadas nas categorias do entendimento, como causalidade, que permitem organizar a experiência em leis universais.

  3. Metafísica: Deve investigar as condições que tornam possível o conhecimento a priori, ao invés de especular sobre coisas além da experiência.


6. Espaço e Tempo como Formas da Sensibilidade

Kant dedica uma parte significativa dos Prolegômenos a explicar sua concepção de espaço e tempo:

  • Espaço e tempo não são propriedades dos objetos em si, mas formas da sensibilidade humana que estruturam nossa percepção.

  • Como condições a priori da experiência, espaço e tempo tornam possível o conhecimento matemático e a ciência empírica.

Essa ideia marca uma ruptura com o empirismo de Locke e Hume, bem como com o racionalismo de Leibniz e Wolff.


7. As Categorias do Entendimento

Kant identifica doze categorias fundamentais do entendimento humano, agrupadas em quatro classes principais:

  1. Quantidade: Unidade, pluralidade, totalidade.

  2. Qualidade: Realidade, negação, limitação.

  3. Relação: Inerência e subsistência (substantivo e atributo), causalidade e dependência, reciprocidade.

  4. Modalidade: Possibilidade, existência, necessidade.

Essas categorias são formas a priori que estruturam a experiência. Elas são indispensáveis para transformar os dados brutos da sensibilidade em conhecimento organizado.


8. O Fenômeno e o Númeno

Kant introduz a distinção entre:

  • Fenômeno: A realidade como é percebida através das formas da sensibilidade e das categorias do entendimento.

  • Númeno: A realidade em si mesma, independente de nossa percepção.

Embora possamos pensar sobre os númena, não podemos conhecê-los, já que todo conhecimento humano está limitado ao domínio dos fenômenos.


9. A Possibilidade de uma Metafísica como Ciência

Kant argumenta que, para a metafísica se tornar uma ciência, ela deve adotar uma abordagem crítica, investigando as condições de possibilidade do conhecimento a priori. Ele propõe que a metafísica deve se restringir ao estudo das condições que tornam possível a experiência humana e os limites da razão.

Isso implica abandonar tentativas de conhecer o absoluto ou o transcendente, como Deus, a alma imortal ou o cosmos como um todo. Esses conceitos, embora importantes para a razão, não podem ser objetos de conhecimento científico.


10. O Uso da Razão Pura

Nos Prolegômenos, Kant aborda os limites e as capacidades da razão pura. Ele reconhece que a razão humana tende a ultrapassar os limites da experiência, especulando sobre questões como a existência de Deus, a liberdade e a imortalidade da alma. Essas ideias são inevitáveis, mas, segundo Kant, não podem ser objeto de conhecimento.

Kant introduz a ideia de que a metafísica deve funcionar como uma "crítica" da razão, determinando onde a razão pode e não pode chegar.


11. Impacto e Conclusões

Os Prolegômenos concluem com uma reafirmação da importância de sua abordagem crítica. Kant argumenta que sua filosofia não destrói a metafísica, mas a reconstrói em bases mais sólidas. Ele encoraja os leitores a examinarem sua filosofia transcendental com rigor, destacando que ela não é apenas teórica, mas tem implicações práticas, especialmente para a moralidade e a religião.


12. Legado Filosófico

Os Prolegômenos são fundamentais para compreender o pensamento kantiano, servindo como um guia para a Crítica da Razão Pura. Eles desempenharam um papel crucial na consolidação da Revolução Copernicana na filosofia e na redefinição da metafísica como uma disciplina crítica e sistemática.

Ao estabelecer os limites do conhecimento humano, Kant não apenas responde aos desafios do empirismo de Hume, mas também inaugura uma nova era na filosofia, preparando o terreno para o idealismo alemão e debates contemporâneos sobre epistemologia e metafísica.


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