A República, de Platão

Resumo do livro "A República", de Platão

Escrito por Platão, "A República" é uma das obras filosóficas mais influentes da história ocidental. Estruturada em forma de diálogos entre Sócrates e outros personagens, a obra aborda temas como a justiça, a organização política ideal, a educação e a relação entre virtude e conhecimento.

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Introdução Geral

Escrito por Platão, "A República" é uma das obras filosóficas mais influentes da história ocidental. Estruturada em forma de diálogos entre Sócrates e outros personagens, a obra aborda temas como a justiça, a organização política ideal, a educação e a relação entre virtude e conhecimento. Dividida em dez livros, a narrativa se inicia com a questão central: o que é a justiça?


Livro I: O Que É a Justiça?

O diálogo tem início na casa de Céfalo, um ancião que define justiça como “dizer a verdade e pagar as dívidas”. Sócrates refuta essa definição, argumentando que, em certas circunstâncias, essas ações poderiam ser injustas. Por exemplo, devolver uma arma a um amigo insano seria perigoso e, portanto, errado.

Polemarco, filho de Céfalo, propõe que justiça consiste em “fazer o bem aos amigos e o mal aos inimigos”. Sócrates desafiá-lo, mostrando que é difícil identificar quem são verdadeiros amigos e inimigos, além de argumentar que prejudicar alguém nunca pode ser considerado justo.

Trasímaco, um sofista, introduz uma visão mais pragmática: “Justiça é o interesse do mais forte”. Ele afirma que os governantes criam leis que favorecem seus próprios interesses, disfarçando-as como justas. Sócrates rebate, afirmando que governantes verdadeiros buscam o bem comum e que a justiça leva à harmonia, enquanto a injustiça causa divisões.


Livros II a IV: A Cidade Ideal e a Natureza da Justiça

Diante das dificuldades em definir a justiça no nível individual, Sócrates sugere analisá-la em maior escala: na cidade. Surge, então, a descrição da Kallipolis, a cidade ideal, onde a justiça seria alcançada por meio da harmonia entre as três classes sociais:

  1. Produtores (agricultores, artesãos e comerciantes): encarregados de suprir as necessidades materiais da sociedade.

  2. Guardiões Auxiliares (guerreiros): protegem a cidade e mantêm a ordem.

  3. Governantes Filósofos: aqueles com maior sabedoria e compreensão do Bem, que devem liderar a cidade.

Essa divisão reflete as três partes da alma humana:

  • Apetitiva: busca satisfação de desejos materiais (produtores).

  • Irascível: ligada à coragem e emoções nobres (guardiões auxiliares).

  • Racional: a parte que busca o conhecimento e o Bem (governantes).

A justiça, tanto na cidade quanto na alma, ocorre quando cada parte desempenha sua função sem interferir nas demais. A injustiça, por outro lado, surge da desarmonia, como quando o desejo domina a razão.


Livro V: Igualdade de Gênero e Comunidade de Família

Sócrates defende que homens e mulheres têm capacidades semelhantes e devem receber a mesma educação e oportunidades. Embora essa ideia fosse radical para a época, Platão estabelece que as funções na sociedade não devem ser determinadas pelo gênero, mas pela aptidão.

Ele também propõe a comunidade de família entre os guardiões, eliminando laços familiares tradicionais para evitar conflitos de interesse e promover o bem comum. Os filhos seriam criados coletivamente, e os casamentos seriam organizados para preservar a elite genética e moral da sociedade.


Livro VI: Os Filósofos como Governantes

Sócrates afirma que a cidade ideal deve ser governada por filósofos-reis, pois apenas eles possuem o conhecimento do Bem, a Forma suprema que ilumina todas as outras. Para ilustrar isso, ele introduz a Alegoria do Sol, onde o Sol simboliza o Bem, que torna possível o conhecimento e a vida.


Livro VII: A Alegoria da Caverna

A Alegoria da Caverna é uma das passagens mais emblemáticas de Platão. Nela, Sócrates descreve prisioneiros acorrentados em uma caverna, capazes de ver apenas sombras projetadas na parede. Essas sombras representam o mundo sensível e as ilusões da maioria das pessoas.

Um prisioneiro é libertado e, ao sair da caverna, experimenta o mundo real, iluminado pelo Sol (o Bem). Esse processo simboliza a educação filosófica, que liberta a mente da ignorância e conduz à compreensão das Formas.

Ao retornar à caverna para compartilhar sua descoberta, o filósofo enfrenta a resistência dos prisioneiros, que preferem as sombras confortáveis às verdades incômodas. Isso reflete o desafio de liderar pessoas que desconhecem o verdadeiro conhecimento.


Livros VIII e IX: Crítica aos Regimes Políticos

Sócrates analisa cinco tipos de governo, ordenados da melhor para a pior forma:

  1. Aristocracia: o governo dos filósofos-reis, guiado pela razão e pelo Bem.

  2. Timocracia: baseada na honra e no militarismo. Surge quando a razão é substituída pelo desejo de reconhecimento.

  3. Oligarquia: o governo dos ricos, onde a desigualdade leva ao conflito social.

  4. Democracia: marcada pela liberdade excessiva e pela falta de disciplina. Aqui, todos têm voz, mas isso pode levar ao caos.

  5. Tirania: o pior regime, onde um governante egoísta e opressor subjuga a população.

Sócrates critica especialmente a democracia por sua tendência à desordem e pela facilidade com que pode degenerar em tirania.


Livro X: Arte, Alma e o Mito de Er

Sócrates discute a relação entre a arte e a verdade. Ele critica os poetas e artistas por criarem imitações do mundo sensível, que estão longe das Formas e podem desviar as pessoas da verdade.

A obra termina com o Mito de Er, uma narrativa alegórica sobre a vida após a morte. Er, um guerreiro, relata sua experiência após retornar à vida. Ele descreve o julgamento das almas, que escolhem suas próximas vidas com base em suas escolhas anteriores. O mito reforça a importância de buscar uma vida justa e filosófica.


Conclusão

"A República" é uma exploração profunda sobre a justiça, o poder, e a natureza humana. Platão propõe que a harmonia é essencial, tanto na alma quanto na sociedade, e destaca a filosofia como caminho para o conhecimento e a virtude. Suas ideias continuam sendo debatidas e reinterpretadas, mostrando sua relevância atemporal.

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